quinta-feira, 2 de abril de 2009

Você tem, e dai?

“Eu tenho, você não tem!!! Eu tenho, você não tem!!!!”
Quem não se lembra dessa propaganda de produtos escolares com personagens da Disney, vinculada há alguns anos? Famosa pela frase que se espalhou com rapidez e pelas dores de cabeça que alguns pais enfrentaram nas papelarias com os filhos implorando pelos produtos.
A propaganda foi tirada do ar.
Mas, e essa frase: “Eu tenho, você não tem!!!”?
Essa frase deixou explicito, numa brincadeira de criança na escola, uma vontade reprimida pela grande maioria das pessoas. O verdadeiro motivo do “ter”.
Hoje, somos bombardeados por frases imperativas com mensagens do tipo Tenha, Compre, Possua.
Tudo leva ao consumo desmedido, a vontade de ter o maior, o melhor, o mais caro, o mais moderno. E para que?
Para implicitamente olhar para seu amigo, conhecido do trabalho, da escola, vizinho e pensar: “Eu tenho, você não tem!!!”
Aposto como neste exato momento você esta pensando: “Eu não faço isso!!!”
E eu te digo, faz sim. Todos fazem, consciente ou inconscientemente.
Eu fiz, e às vezes ainda faço. E assumo isso com vergonha.
Esta sociedade consumista julga as pessoas pelo o que elas possuem, o que elas vestem e os lugares que freqüentam.
E se estão sendo julgados por tudo isso, então por que não ostentar o que possuem?
Quem não deseja o celular último modelo, objeto de desejo? Já se perguntou se realmente um celular de R$2.000,00 é necessário ou é apenas para desfilar com ele por ai para despertar a inveja das pessoas?
Sim, inveja. Ninguém admira ninguém pelo celular, pelo óculos, pelos sapatos, pela bolsa, pela marca da etiqueta da sua roupa e por todas as outras coisas que se podem comprar. Ninguém admira, mas é o primeiro item a ser julgado.

Compra-se sem medida para satisfazer um único sentimento, o ego. E entrando nessa roda, atrás dele vem a inveja. Claro, se você tem, mas o cara da mesa do lado aparece com um melhor, o que você vai sentir de verdade? Vai ficar feliz por ele, ou vai querer ter no mínimo um igual para apaziguar a inveja e voltar a inflar o ego?
A partir do momento que a pessoa compra um bem para ostentar, fica observando e buscando, para sempre ter o melhor, o maior, o mais caro, o mais moderno, e assim continuar alimentando o ego.
Uma guerra silenciosa. Ninguém assume, ninguém fala, mas está lá. Esta em todo lugar. Uma bola de neve dentro daquele que vive isso. Um busca sem fim, por uma sensação de prazer ínfima, ridícula de tão pequena e tão passageira.
Perde-se nesse caminho a satisfação pessoal, pura e única, de conseguir comprar algo que realmente deseja. Perde-se o prazer de curtir esse momento, sozinho, sem necessidade de falar no megafone sobre a última aquisição.
Compra-se por necessidade real, compra-se por prazer, mas muito se compra para ostentar, para mostrar, já que assim, sente-se melhor, sente-se maior do que as outras pessoas.
E isso, sabendo-se ou não, segrega mais e mais as pessoas. Existem as que podem e tem, e as que não podem e fazem de tudo para ter. E eu me pergunto, para que?
Para ser considerada alguém neste esquema da sociedade. Quando os bens materiais passaram a definir uma pessoa, eu não sei, mas definem.
A primeira vista, o primeiro contato, é o que se vê. Não se enxergam a personalidade, o jeito, as idéias. Vêem-se o carro, as roupas, os penduricalhos eletrônicos. E querendo ou não, este é o primeiro filtro usado para classificar alguém, a peneira utilizada para uma aproximação ou não, uma conversa, o conhecer realmente a pessoa.
E vive-se ostentando para ser aceito.
Compre, compre mesmo. Compre o necessário não o mais caro, compre o útil não o fútil, compre para você e não para o mundo. Aproveite e celebre essas conquistas materiais, com você mesmo.



37 comentários:

Marjorie disse...

Primeiro que eu achei genial o seu texto, estou boquiaberta e sem palavras para acrescentar.
Meu escritor favorito, Neil Gaiman, disse uma frase brilhante que se assemelha bastante ao texto: "O ruim de ter aquilo que se quer, é ter aquilo que um dia se quis". E é exatamente isso, quanto mais temos mais queremos, e no final para que tudo isso? Para alimentar nosso ego.
Estou lendo o resto do blog agora, gostei muito mesmo.

Um abraço

Del

Jonh Oliver disse...

muito infantil isso, se acha melhor pq tem mais

PHeuliz disse...

Quero te falar que este é o tipo de blog que gosto de ler, expressar meus pensamentos. É o típico blog que faz com que o leitor interagindo com o texto questione os próprios valores e tente comentar com suas verdades. Homo sapiens, sapiens. É o tipo de blog que influencia e colabora com a sociedade, enfim não gosto muito de blog de banalidades e meu blog assemelha-se com o teu! Feita estas considerações, passo ao exame do artigo. Eu lembro dessa propaganda dos anos 90, né? E eu lembro de uma outra versão mais ou menos assim: eu tenho, você não tem. Eu te tomo e você fica sem!!! Pois é, o poder de compra não é para TODOS, infelizmente! E comprar o que vc chamou de fútil, criam novas necessidades, sim de ter cada vez mais. Definir que compra é razão apenas de inflar egos, não me agrada a idéia, não concordo e estudando a frio este é um dos motivos, mas não o motivo, tendo em vista que nem todo mundo tem a doença da compulsão, há pessoas que gostam de ter o melhor, porque podem ter independente de mostrar que comprou para alguém, conheço muitas pessoas assim, etc. Já o que não pode ter e sente inveja se não for de boa índole furta, rouba, etc!Por ora é isso que veio a minha mente com o teu texto!

Rubens Rodrigues disse...

O consumismo é uma das melhores/piores coisas que existem. Conheço então pouquíssimas pessoas que não são materialistas.
Não há nada melhor doque ter algo que se tanto quiz, mas não há nada pior doque um idiota que fica se achando pq tem um clelura caro, por exmplo.

Belo artigo. Muito bom mesmo.

Mauro disse...

mas eu duvido demais que vc, sendo mulher, não tenha uma imensidão de sapatos, bolsas e afins que não usa... pura futilidade... e, obviamente, te agradam muito... te completam...

Unknown disse...

Gostei muito da forma como abordou esse tema do consumo. Eu, como um comunicador social, sou fascinado por esse tema. Concordo muito com o que você diz, principalmente em relação a ostentação excessiva da sociedade atual. Temos muito de tudo, mas para que? Para fazer parte de qual grupo? Com que propósito?

Belas questões levantadas por esse blog.

Parabéns.

http://escondidin.blogspot.com/

Eu amo a E.Y. disse...

eu lembro que essa canção "eu tenho, você não tem" acabou sendo usada pelas torcidas de futebol para gozar os adversários.

Enfim, concordo com a essência do seu texto. Apenas faço a ressalva de que no modelo capitalista, se não houver consumo, tudo entra em colapso (a crise e´ a prova disso).

Logo, uma mudança de comportamento que envolva o consumo passa por uma mudança infinitamente mais importante para a humanidade.

E, sinceramente, não vejo a mínima perspectiva de mudança em relação a isso nos próximos, no mínimo, 100 anos.

Beijos
http://eu-amo-a-ey.blogspot.com/

Bruno Silva disse...

Sempre muito bom.
é Inegável esse nosso habito.
affs..

Anônimo disse...

Eu abominava aquele comercial de uma tesourinha da, ainda mais que a minha filha era pequenininha nessa época.
Beijinhos de
Rozangela Melo
Visite nosso site, fazemos cinema amador.
www.cgfilmpictures.blogspot.com

Liipee disse...

O mundo é assim..
o ruim disso tudo, é saber chegar pro seu filho e falar: "Bem vindo ao mundo materialista filho".
é complicado.
parecemos máquinas atrás de lucros e bem estar, o poorque disso?
acredito que esteja desde dos primordios.. bem lá atrás..
e porque não mudamos? porque individualmente, ninguém muda o mundo, só Jesus Cristo.
:)

abração,obrigado pela visita..

Monique disse...

Não ter às vezes é mais gratificante. Talvez eu deva minha criatividade a isso. Não tendo eu imagino, eu invento e reinvento. Sem gastar nada.
Ter tudo seria muito chato. Sonharíamos com o quê?

Obrigada por visitarem meu blog, fico realmente feliz com o carinho de vocês :D

Bruno Silva disse...

Aqui, como sempre, tá muito bom.
deixei um selo no meu blog pra ti.
"eu assino em baixo"
Bruno

Groo disse...

Você tem toda a razão. Sempre "invejamos" alguma coisa para dar vazão ao nosso lado consumista e, é claro, matar o vizinho de inveja com o carro zero "mais caro que o dele".

Eu tenho minhas invejinhas e meus momentos de "eu tenho, você não tem". Mas felizmente trabalhei alguns aspectos e hoje digo que não estou imune ao consumismo, mas que consigo manter um bom distanciamento e isenção diante de vários produtos que são anunciados por aí e objeto de desejo de 9 em 10 pessoas. Cito o celular e o automóvel. Para mim eles não cumprem mais uma função social, cumprem apenas sua função básica: comunicar e transportar, não importa o modelo.

O problema é quando esse "eu tenho, você não tem" torna obsessivo. E pessoas aderem ao consumismo feroz, atolando-se em dívidas e trabalhando exclusivamente para "mostrar aos outros" que "chegou lá". Não é de se espantar, visto que os modelos de ascensão social no Brasil estão muito relacionados a bens e a "aparecer na TV". Isso é muito comum em algumas cidades aqui no sertão da Bahia, onde vejo todos os anos um festival de carros zero KM de filhos da terra que foram para SP em busca do "eldorado" e, depois de 1 ano inteirinho de trabalho, tem que mostrar que "tá se dando bem em SP": aparece com um carrão zero KM, para admiração de todos e para manter vivo o "sonho" da molecada. Tudo bem que o veículo em questão foi adquirido em financiamento de 80 meses e as parcelas vão levar 50% do salário, mas não é isso o que importa. A função social está cumprida.

Ufa! Deixa eu parar por aqui.

Abs e parabéns pelo texto. O que não é nenhuma novidade neste estupendo blog!

Eu amo a E.Y. disse...

Oi Isabel, obrigado pela visita!

Realmente tem mais de dez dias que eu mandei o e-mail para perguntar se ela recebeu a carta que já tinha mandado uma semana antes.

E até agora nada.

ou seja, as perspectivas são sombrias mesmo...

Acho que o meu blog vai acabar em breve por falta de assunto (risos)

Beijos!

Rodrigo Andolfato disse...

Teria doído menos se você tivesse me dado um tapa na cara!!!

Muito bom o texto!

Abraços

Unknown disse...

tava com comentario na ponta da lingua mas o pop-up do seu blog travou tdo aki
soaisjoiasjoas
mas temos q comemorar mesmo.
aliás..
em uma semana hoje em dia coseguimos fikar completamente desatualizado [em mtos sentidos]


xD~


parabens pelo viow/
espero voltar aki mais vezes

gostei dos outros posts
dps comento neles..


o/

goa sebunda e espero vc no

www.bagageirodocurioso.spaceblog.com.br

Roberto Novaes disse...

Preguiça de pensar, de escrver, então cito Marx: "Quanto mais se tem, menos se é".

**Carlitos** disse...

com o passar do tempo... o ter tem tomado mais espaco em detrimento do ser... é lamentável... parabens pelo texto e por tocar neste tema!!!!

http://vira-lataderaca.blogspot.com/

Igor Palhares disse...

A ostentação é um dos meios que o ego de cada um tenta se manifestar. E esse é o pior meio. Grande texto e finalidade do blog! ;)

Fabio Sauzza disse...

Olá meu anjo,adorei seu post e como de costume,você é uma ótima editora,parabéns.........será um prazer voltar e ler aos demais......beijossssss e boa sorte,ah passa lá no meu,você vai se divertir por lá.bjs.
ótimo post.

Unknown disse...

Procedente e bela reflexão!
Acrescento: Compremos o que ao perder não nos lance em uma crise.
Abraço,
Onaldo

Gillianne Vicente disse...

Estou procurando olhar para o mei interior, cada vez mais e procurar em mim motivos de alegria, para não precisar me compensar com o externo.
É difícil e é um exercício diário.
Sempre estou de olho aqui e espero sua visita também.
bjs

@diegohag disse...

Gostei bastante do texto. Prometo voltar mais vezes para refletir, pois foi isto que me aconteceu ao ler seu texto...

http://dieoghag.blogspot.com

PRometendo voltar mais!

Victor disse...

Bem interessante!

Rogerio Lima disse...

Adorei o texto!!!

http://poemasgoticos.blog.oi.com.br

Inez disse...

Perfeito seu texto, realmente a ostentação de coisas é muito grande.
O bombardeio para o consumismo é muito grande e as pessoas não param para pensar se necessitam ou não daquele produto, simplesmente passam a querer.
Ua das coisas que acho absurdo são as reportagens na tv perto do natal, páscoa, dia das mães, dia dos namorados, das crianças, etc.. mostrando as pessoas comprando, é matéria que ao meu ver não é jornalística, mas para induzir o comsumo.

Joey disse...

me lembrei do filme clube da luta!

mto bom o texto!


visite:

http://webfuel.blogspot.com/

Artur Constante disse...

Seus artigos são interessantes, passarei por aqui mais vezes. Parabéns!

Dalmir Reis Jr. disse...

trabalho genial! Texto bem apresentado!

parabéns! sucesso!

Unknown disse...

De fato bens materias estão um nível acima de valores morais, se vc tem você pode,seu espaço ja é garantido, se nao tem tende buscar seu espaço no meio.
Belo texto

Deni disse...

concordo com o q disse sobre os fmaosos drogados e "coitados" hehehe

mto legal.
passando tambem para desejar feliz páscoa...

e convidar a ir no meu bloguinho humirdi..q tem até o ovo de páscoa do bono vox paskpaskpoas...

ótimo fds ..abraço

www.bagageirodocurioso.spaceblog.com.br

Bernardo disse...

Muito bem dito. Me fez lembrar os vídeos do media sana sobre sociedade de consumo (se quiser dar uma olhada: http://www.mediasana.org/).
Grande abraço.

b disse...

Eu iria citar um provérbio chinês, mas estou pensando no contentamento dos pobres, numa roda de pagode e cerveja, na feira, na praça com as crianças, na loja de $1,99...na feijoada comunitária...coisas assim.
E penso no descontentamento dos ricos, emergentes, burgueses falidos ou não, da classe ex média, diante da necessidade crescente de ter o desnecessário.
Na verdade, isso reflete o tédio de quem escolhe viver pelas aparências.
E a grande tristeza que devem sentir ao estarem consigo mesmos...se é que percebem isso.

Unknown disse...

Compre fazendo o trajeto do que compra, de onde vem, quem fez, com que meios e causando que impactos no meio ambiente e social.
Isso também é importante!
Onaldo

Inforblog disse...

O ato de celebrar cada conquista, torna a vida mais impolgante!

Hique disse...

O dia que o ser humano descobrir a vida espiritual, vai jogar tudo fora, rsrsrsrs

Lu·٠•● disse...

já ouvi e falei muito: Eu 'tenhô', você não 'te-em'!


bons tempos!...

http://paradisodellaluna.blogspot.com