quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Pílulas para Ansiedade


A ansiedade não pode ser combatida com vitaminas, não existe academia, nem colo de mãe. Conheço três comprimidos fantásticos. Mas antes, o que é a ansiedade?
Ela é um transtorno criado pela mente cujo alimento que ela mais gosta é a sua paz de espírito. E sabe quem sempre prepara suas refeições?
Você, mané!
A ansiedade é um sentimento da mente que literalmente se alimenta de alma. Você pode sentir seu coração ficando cada vez mais consumido, apertado... muitas vezes, o coração não basta e consumimos as pontas dos dedos, cabelos, solas de sapato, até que não bastamos mais e passamos a alimentar nossa ansiedade com a paz de espírito dos outros.
(Primeiro comprimido) Não pense que ansiedade pode ser controlada com botões de ajuste. Ela pode ser entendida, e quando isso acontece, começa a deixar de existir.
Normalmente não nos damos conta de nossa ansiedade nos primeiros momentos. Depois que ela nasce e começa a comer... já foi. Entendê-la permite que você anteveja momentos e situações em que ela provavelmente vai pedir comida: um telefonema importante, um encontro marcado, uma resposta de emprego, a chegada das férias, o resultado de um concurso, um e-mail, um acontecimento, um pagamento, a chegada de alguém, um beijo...
Poderia passar o texto todo listando meus momentos, mas você deve conhecer os “seus”!!!
A ansiedade é a angústia de não se ter o controle. É a sensação de vazio que a falta de controle sobre uma situação te atinge. Quando se vê não sendo capaz de atender suas expectativas e desejos, começando a depender das ações de outros ou simplesmente do girar da roda da vida, isso é indício de que, além de ser uma pessoa que não se permite viver sem esquemas e métodos, você não sabe viver sem a ilusão de ter algum controle.
(Segundo comprimido) Acorda. Se liga. Abre o olho, cabeção! Você não tem absolutamente nenhum controle sobre as coisas e pessoas. Seu único controle é sobre algumas de suas ações. Você controla sua maneira de pensar, de agir e se expressar. E isso é o bastante. Quando se der conta disso: “que a bola não está o tempo todo no seu pé” começará a usar sua cuca para procurar o melhor lugar no campo para “recebê-la de volta”, e não se desesperar porque a vida não te passa a bola! Não tem como você impedir uma mentira, um atraso, uma mancada, contratarem outra pessoa, fazer que alguém decida agir decentemente ou te escrever um e-mail, ou te atender, ou fazer algo que a outra pessoa não queira ou simplesmente você não mereça...não temos esse controle e a ansiedade te consome porque você simplesmente não consegue aceitar isso.
(Terceiro Comprimido) Você provavelmente acredita que é lutando que se conquista as coisas. Que quando queremos muito algo e fazemos por merecer, essa coisa acontece. Que o destino e o universo sempre “conspiram a seu favor” quando se está no caminho certo. Pois bem, é verdade. Agora outra verdade que talvez você ignore, seja que a vida, o destino e o universo têm saco. Isso mesmo, eles tem sacos. Você quer muito que te liguem com a resposta da entrevista, então você fica o dia todo cutucando a vida, o destino e o universo “e aí, vão me ligar?”... “e aí, o que acha? Vão me ligar né?”... “olha ainda não me ligaram”... “viu, Seu Universo, até agora nada, toca telefone, toca telefone, toca telefone”...
Se é a sua crença, seus esforços e seu merecimento que irão fazer a roda girar... porque o tempo todo você fica com essa ansiedade interrompendo o “motorista” que, acreditem, está muito a fim de acelerar a coisa????? Como você reage quando alguém lhe cutuca de 5 em 5 minutos para te entopir de duvidas, anseios e angustias? É... isso mesmo!!! Então aprenda essa: Ansiedade gerada por expectativa demais atrapalha mais que tudo!!!!
Com esses três comprimidos, diários, você consegue combater sua ansiedade. Permitindo que o motorista “das coisas” consiga dirigir em paz, sem interrupções. Você não desconta todo esse desespero nas pessoas ao seu redor, preocupadas com sua ansiedade, e se dá a chance de, quem sabe, matar esse monstro de fome e fazer crescer a sua voz da alma, suas unhas e sua paz de espírito.Sem controle, sem ansiedade, sem ilusão e com acontecimentos. Como deve ser a vida.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Incentivo ou Motivação?

Tem dia que simplesmente não dá.
Não dá para encarar acordar cedo, trabalhar, estudar.
O desânimo bate de tal forma que tudo o que você deseja é que este dia passe num piscar de olhos.
Você gosta do seu trabalho, adora ir para a faculdade ou para o curso. O que acontece então?
Um dia ou outro, pode não ser nada, ser cansaço ou aquela preguiça num dia mais frio. Mas, e quando o desânimo torna-se freqüente?
Não é de tristeza e depressão que estamos falando. Não da falta de ânimo de ver amigos ou curtir um cinema, mas daquele desânimo das “obrigações”.
Pode ser falta de perspectiva, falta de elogios no trabalho, falta de afinidade com colegas, com professores, falta de reconhecimento.

O ser humano esta sendo movido a incentivo.
Mas, será que temos sempre que ter incentivo para tudo?
O certo é ter “motivos”.
Motivos, metas para fazer as coisas.
Motivos para enfrentar tudo durante um dia de trabalho e ainda agüentar passar meia noite na faculdade. Motivos para seguir em frente, motivos para a batalha do dia-a-dia.
E os motivos, não podem ser dados.
Fala-se muito em “motivação” e confunde-se motivação com incentivo.
Incentivo vem de fora, é um prêmio, o que você pode ganhar se fizer tal tarefa, se cumprir sua obrigação. Pode ser um aumento de salário, uma promoção, um emprego no final da faculdade.
Motivação vem de dentro, vem da vontade de fazer aquilo, no prazer que te proporciona, na realização de ver tudo concluído, na satisfação de alcançar a meta.
A motivação é você quem faz.




Mas como sempre é mais fácil olhar para fora e procurar e apontar o culpado, nós colocamos as desculpas de nosso desânimo sobre a empresa, o trabalho, a faculdade, as pessoas.
Difícil ver que a causa de tudo provavelmente esta dentro de você. Que para ter um aumento de salário, você passa por cima das suas vontades, suporta um emprego que te aborrece e atropela quem for pelo prêmio do aumento do salário, mas não necessariamente isto te fará realizado.
A mesma coisa na faculdade, nos relacionamentos, na família. Em todo lugar falamos que precisamos ser incentivados.
Na verdade, precisamos mudar o foco e procurar nossos motivos, nossas metas.
Sabendo disso, fica mais fácil decidir se tudo o que você faz hoje vale a pena ou se você está perdido em obrigações que poderiam muito bem ser prazer na sua vida.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Tristeza


Algo acontece. Sempre há algo acontecendo, mesmo quando estamos entediados por nada acontecer. De repente, ao analisarmos as situações, as relações, percebemos que não estão como gostaríamos que estivessem. Ouvimos palavras que não eram as que gostaríamos de ouvir. Muitas vezes nem esperávamos ouví-las. Temos nossa percepção do mundo e das coisas abaladas pelas nossas atitudes ou, normalmente, pelas dos outros. Perdemos alguma coisa que não gostaríamos de perder, ou pior, não imaginávamos que gostávamos tanto a ponto de perde-la. Chamam isso de vazio.
Algo acontece com nosso rosto. Parece que nesse momento todos começam a perceber, afinal, é algo que toda a humanidade conhece. Ainda que não saibamos de onde vem ou negamos de onde venha. Não é melhor alimentar a angústia quando se pode descobrir em que vaso ela está germinando. Normalmente descobriremos não ser vaso algum, que não algum que inventamos. Outras vezes matamos essa erva daninha simplesmente aceitando que ela germinou.
No fundo, é uma mistura de impotência com contrariedade e desilusão. Algo acontece e não é o que você queria. Não é o que queria ouvir, nem a imagem que queria ver... Há quem goste de viver assim para justificar o medo de descobrir alguma coisa nova e ter que lidar com sentimentos como a esperança, o desejo, o sonho. Há quem deseja ficar onde está do que acabar voltando para este mesmo lugar por acreditar na esperança. Há quem acredita que vai passar... E sempre passa. Passa sempre. Basta querer. A cura vem de você.
Não importa o que aconteça dentro de você, não plante sua semente no vaso de ninguém.
Não coloque sobre os ombros de ninguém a responsabilidade de se encontrar e se reerguer.
Algo sempre muda. Como leite no copo de vinho. Como água no tanque de gasolina. Dinamite no hot-dog.
É só ausência de alegria. Desgosto, consternação, melancolia e aflição...
Me acredite, sempre passa.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Máscara do moralismo

A sociedade vive com a máscara do falso moralismo.
Estamos sempre nos policiando para enquadrarmo-nos àquilo que as pessoas ao redor tem como correto, justo, moralmente aceitável. Seja com base em uma religião, regras e leis ou de ambos.
Algumas sociedades, grupos ou colônias têm enraizadas algumas regras de conduta, moral e bons costumes, que reprimem, oprimem, controlam aqueles que ali vivem, sem deixar espaço para a manifestação individual de seus limites, valores e liberdade.
Fazendo ligação com o tema da rejeição, as pessoas convivem nesse lugar acabam oprimindo seus desejos, vontades, discernimento do certo ou errado de acordo com sua moral e acatam o que lhes é imposto.
Vivem num constante estado de frustração, reprimidos, confusos e com conflitos internos entre seus limites e os da sociedade.



Quando esse pessoal reprimido sai do ambiente comum, vemos a verdadeira personalidade e o que todas essas regras fazem com a individualidade.
A máscara do moralismo cai, e a pessoa se entrega a tudo o que vinha reprimindo sem limites e sem controles. Por estar tanto tempo aprisionado, quando é libertado, perdem-se os limites de certo e errado, bem e mal.
O falso moralista julga, mas faz escondido. Sente inveja daqueles que tem liberdade e critica. Quer fazer, quer ter controle sobre suas decisões, mas tem medo.



E se perde. Não consegue construir seus limites, não consegue estabelecer seus critérios, não sabe distinguir se não lhe for dito.
Por isso explode, uma hora tudo isso se liberta, e a pessoa não tem discernimento para se libertar apenas da repressão e estabelecer seus limites morais. A pessoa acaba extrapolando todos os limites, os impostos e os próprios que estão perdidos nessa confusão interna.
Por isso é tão comum vermos pessoas que, por exemplo, ao saírem de férias se transformam e fazem coisas insanas, totalmente fora do seu dia a dia, da sua personalidade. Ou casos onde a pessoa se revolta contra tudo aquilo que a oprime e vemos esses ataques suicidas em escolas, supermercados, etc.



Viver nesse estado de uma falsa moral é enganar seu ser em todos os sentidos, é julgar por inveja. É viver com medo de viver, pois se engana que ao cumprir todas as regras, não erra e não sofre. Não será julgado e será aceito.
Em todo lugar existem regras, regras comuns a uma sociedade. Regras de conduta devem estar de acordo com aquilo que cada ser acredita, o que cada um acha ético, justo. Difícil de ser mensurado, individual demais para ser compartilhado.
Viver baixo esta máscara é não viver, não aprender, não se conhecer.
Saudável é aprender o que é certo e errado, quais seus limites disso, viver seguindo sua moral e aceitar os limites das pessoas que convivem com você.