quinta-feira, 10 de abril de 2008

Inserção Histórico-Política

Tendo em mente que Yeshua (Jesus) viveu em uma sociedade pré-capitalista, transacional e substancialmente agrícola, chegamos a conclusão que a visão e atitude dele era muito crítica. Os Evangelhos falam de riquezas, em geral por dinheiro, por moeda. Enquanto a riqueza principal daquela época era a terra.
Yeshua considera a riqueza um ponto negativo! Claro....... a riqueza era o ídolo da época, era popstar, tornando-se assim adversária de Deus, ou seja, um obstáculo para o pobre Yeshua.
Continuando......naquela época era difícil ser rico, latifundiário, chupar cana, assobiar eeeeeeeee ao mesmo tempo ser discípulo do HOMEM, com isso Yeshua solta uma pérola: : ”É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus”.
O que ele queria com isso????
Promover a partilha de bens, não, você não esta lendo errado, ele se mostra contra a concentração da terra nas mãos de poucos, principio SOCIALISTA, isso mesmo ele naquela época era, ou tentou ser, SOCIALISTA. É impossível seguir-lo e ser rico, e isso abalou todos os discípulos, que tiveram que partilhar seus bens. Óbvio, queriam ser como “ELE”, totalmente desprovido de bens materiais. Será que eles conseguiram ser iguais??? Bom continuemos........
O Artesanato é o segundo, injusto, pólo econômico da época. Pensem.... o cara era um artesão, carpinteiro do interior, mas sem grande qualificação, seu pai também era carpinteiro, nesta época a profissão passava de pai pra filho. Nas pequenas cidades esta atividade é desprestigiada. Ele era um mero artesão que possuía alguns instrumentos de trabalho, mas não exercia o controle sobre a matéria-prima necessária para o seu trabalho. Na verdade ele era um artesão pobre. Para onde vai a visão social política de uma pessoa que vive isso????
O terceiro pólo, injusto, econômico, era a atividade comercial. Nas pequenas cidades um comércio local, onde se fazia a troca, de tudo, verduras, legumes, bichos, grãos (sociedade transacional), a circulação de dinheiro, era muito reduzida, não existia!!!! Havia mercados atacadistas, que faziam importações, adivinhem qual era e onde ficava o maior MERCADO???????
EXATO – NO TEMPLO!

Mas o importante é: a economia era principalmente rural e tem muito pouco a ver com a nossa sociedade moderna, onde a economia agrícola é na verdade uma economia de exceção, controlada pelo pólo industrial que leva à frente o progresso de um país.
Como em toda sociedade, na época do HOMEM, existia tb a exploração e onde se ganhava dinheiro????
IMPOSTOS, estes mesmo, conhecidos desde aquela época.
Os pivôs do COBRA-COBRA??????? Nossos amigos OS ROMANOS, eles dominavam a Palestina, transformaram-na em colônia. Com o único objetivo de tirar dinheiro e bens do povo, e através do nosso famoso IMPOSTO.
Existiam 2 tipos de impostos:
1 - O romano: que absurdamente se dividia em 3 partes
Debário: pago por cabeça, isso mesmo, pago pura e simplesmente por existir. Quantos tem na casa??? 5???? Pronto os 5 pagam.
Produção: 25% da produção agrícola era entregue aos romanos, o povo trabalhava e ainda tinha que entregar 25% do que colhia.
Circulação: havia uma taxa de circulação, entre, grandes cidades, encruzilhadas, divisão de províncias...etc. Tudo naquela época era muito perto, imaginem o quanto se pagava para sair em um final de semana.

2 -O Regilioso (um imposto judaico, para o templo), também se dividia em 3 partes:
Dracma: pago por cabeça, na entrada do templo. Quer rezar?? Pague, e não leve a família, vá só vc, senão vai gastar todo seu dinheiro pedindo mais DINHEIRO!!!
Primícias: Todo primeiro fruto da terra ou do animal era entregue no templo, ao sumo sacerdote. Este não fazia nada, só lucrava.
Dízimo: 10% da produção, ia para a mão do sacerdote da classe sacerdotal do Templo. Sem comentários!!!
A religião mandava. Então nada mais justo que nesta época a política fosse Teocrática. Que nada mais é que: um Estado Religioso, onde todas suas leis e constituição são regidas pela Bíblia, que naquela época eram 5 livros, O PENTATEUCO.
O sumo sacerdote era o dirigente político da nação. Com tudo isso ainda existia o Sinédrio, que era uma espécie de tribunal, de conselho, formado por 80 homens que dirigem a nação, tendo à frente o sumo sacerdote. Quem escolhia estes 80 homens??? Quem lhes dava o direito de julgar?????
Todo comportamento era político religioso, não havia divisão, a igreja judaica era a sede do poder político, e o sumo sacerdote, o governante da nação. Tudo se resumia a eles.
Tendo em vista todo este cenário de horrores, Yeshua torna-se um critico frente aos poderosos. O conflito existente entre Dirigentes e Yeshua é aberto, as claras, ele ataca diretamente os Escribas, Fariseus, os Sumo Sacerdotes e os Saduceus. Tem um ataque e expulsa os vendilhões do Templo, e ainda por cima declara em alto e bom tom que o Templo vai acabar.
O “Templo”, naquela época, significava o sistema da época, imaginem a repercussão deste ataque!!!
E Tem mais.......ele amaldiçoa também a figueira, símbolo do sistema Judaico. Esta maldição da figueira significou a maldição àquela sociedade.
Depois de toda esta clara demonstração de amor, nosso HOMEM é levado ao tribunal, e condenado à morrer na cruz.
Yeshua teve urna posição não politicamente direta e sim profética, era um pensador, apaixonado pela vida e pelos homens. Ele não tinha programa político definido, agia por impulso. Ele também não fundou uma corrente política que visasse diretamente o poder, queria no fundo a liberdade.
Sim, existiram grandes historiadores que consideraram Yeshua um Zelote. Isso pq ele tinha um discurso critico, violento, parecido com o dos Zelotes (grupo político revolucionário da época ). Está inclusive escrito em cima de sua cruz: “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”. Quer dizer, um chefe Zelote, um rei Zelote, assim é condenado na Cruz. Por to­dos esses motivos, ele teria sido considerado um REVOLUCIONÀRIO.
Vejam, em seus discursos também havia as palavras de perdão, de não violência. Yeshua andava em companhia dos fiscais, se misturava com o povo, dormia ao relento e principalmente se relacionava com os romanos e resistiu à tentação do poder. Ele não queria revelar sua identidade messiânica para não provocar atitudes de sublevação no meio do povo, pois achava que isto iria ser um suicídio.
Podemos considerar então Yeshua um ser apolítico? Ou então alienado? Um viajante, peregrino?
Não, ele não era um ser alienado, indiferente!!!
Yeshua nunca foi contra o poder como tal, ele foi contra o poder de dominação, foi contra a ditadura pregada pela IGREJA . E se..... guardava o poder messiânico, era porque o povo fazia uma idéia mística do Messias. Uma idéia mágica de um Messias milagreiro, demagógico, paternalista, portanto uma idéia não libertadora, não autêntica, não lógica do homem que verdadeiramente existia dentro dele.
Yeshua teve uma atuação política verdadeira, num nível profético. Posso dizer com clareza e entendimento, ele foi um revolucionário profético.
A sua grande idéia é a Revolução Interna! Feita por cada um, que é um projeto radical. De total transformação da sociedade como um todo. Quando prega o Reino de Deus, prega uma revolução integral, uma revolução absoluta.
No fundo, a raiz de sua proposta era, atacar o Templo, o cérebro central da exploração do sistema. E os efeitos disso também foram políticos. Sabemos que ele foi perseguido continuamente durante toda sua vida pública, foi julgado por dois tribunais, pelo religioso onde foi declarado blasfemo e pelo romano, onde foi condenado exatamente como Messias, como revolucionário. E mais, basta olharmos os crucifixos para nos darmos conta de que esse símbolo da nossa fé é sim um símbolo originariamente político.
Devemos entender os limites de Yeshua, porque são os limites de seu tempo. Yeshua era uma pessoa historicamente limitada. Não era um homem do século XX, pós-marxista, onde tudo estava acontecendo, não. Ele tinha uma consciência política também limitada pelas condições do seu tempo. E as condições concretas de sua época limitavam o poder e a capacidade do povo, não era um povo de luta, não tinham a revolta implantada dentro de si, não ainda.
Era humanamente impossível organizar o povo ao qual pudesse obter o poder e exercê-lo de maneira adequada. Mesmo que Yeshua tivesse em mente um projeto revolucionário ou um plano de guerrilha para conquista do poder, terras e de organização de uma sociedade alternativa, não havia condições históricas para que isso fosse desenvolvido.
Podemos dizer que sim, Yeshua era limitado pelas possibilidades políticas daquele tempo. Era uma limitação do mundo dele, da época dele. Infelizmente!!!
Outro fato importante, é que Yeshua não tinha como ser tudo ao mesmo tempo, ou era profeta, ou revolucionário. Os 2 não dava!!!!
Ou seria Messias po­lítico ou Messias pobre, sofredor como o povo. E lógico, ele claramente escolheu o caminho profético. Então não podemos dizer ou argumentar que, porque Yeshua não participou da política diretamente, também o “cristão” de hoje não pode.
Somos uma sociedade de vários povos e várias culturas, nos dividimos em religião, mas não nos dividimos em ideais, a luta conjunta por um único ideal foi pregada por Yeshua, mas não foi assistida por nenhum ser humano. Podemos sim iniciar uma Revolução Profética e desta vez com mais conteúdo histórico adquirido. Traçar o plano perfeito e calar antes de tudo, os que nos impediriam de falar a VERDADE, para que não terminássemos em uma CRUZ ou em uma FOGUEIRA!!!

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