TEXTO POSTADO EM 05 DE MARÇO DE 2008
O Senhor Presidente dos EUA George W. Bush, numa excelente tentativa de deixar sua marca positiva no término de seu 2º mandato, foi ao Oriente Médio........ jogou todo o seu peso político pra pressionar Israel e a Autoridade Palestina tentando assim fazer com que os dois lados cheguem num acordo de paz. Imaginem que ele colocou até um prazo: o fim deste ano, coincidência ou não, mas é exatamente quando termina seu mandato. Os dois lados se mostraram abertos para o diálogo, mas assim que o Sr. Bush deixou Israel os bombardeios e os ataques de dois lados recomeçaram, deixando claro que a perspectiva de paz nesta região está longe de ser alcançada.
Sempre que uma negociação séria é proposta, os radicais políticos – religiosos de ambos os lados promovem ataques e atos suicidas que impedem o início de qualquer diálogo. E na cabeça desses radicais, todas as ações de boicote ao processo de negociação de paz são bem mais do que algum tipo de estratégia político-militar, são OBRIGAÇÕES DIVINAS!!!! Mas claro, eles lutam em nome de Deus e, em uma guerra em nome de Deus, não se pode negociar com os inimigos, já que são inimigos de Deus! Negociar com o inimigo de Deus (o satã) é trair a Deus! Como entregar o lugar santo (seja Jerusalém ou outro lugar) para os infiéis?
As guerras SANTAS, feitas em nome de Deus e da religião, só terminam com a vitória de um Deus sobre o outro (e um destes Deus, não será o verdadeiro, por este motivo PERDEU a guerra). Quando as correlações de força não permitem uma vitória definitiva de um dos lados, a guerra se prolonga causando sofrimentos, destruições e mortes por muito tempo. Nestes casos, a única alternativa é a separação da política da religião, do Estado da Igreja, deixando de ser guerra de Deus contra Deus para ser guerra de homens, entre homens, por território, para que as negociações políticas sejam possíveis. A história da Europa mostra que a secularização (a separação do Estado da Igreja, das ações em nome de Deus e da religião) foi um passo positivo fundamental para a superação dos impasses das guerras religiosas sem fim.
No conflito Israel-Palestina, podemos ver, mesmo usando do estudo, social-político-religioso, que não haverá solução militar para o problema e que os dois povos têm que aprender a conviver, aprender a respeitar os direitos uns dos outros. Os setores religiosos radicais analisam a realidade política a partir da premissa religiosa, da promessa feita por Deus ao seu povo, da terra prometida, estes não aceitam discutir politicamente o problema e não vêem outra solução se não a luta até a morte para o cumprimento das promessas divinas. Nem aceitam discutir as análises sobre as condições e possibilidades históricas, mesmo por que para eles Deus é maior que qualquer teoria social ou qualquer poder militar e Ele cumprirá as suas promessas. ( pra eles Deus pede a luta até a morte como forma de pagamento pela “tal” promessa).
Eu penso que uma solução para o conflito no Oriente Médio só se concretizará com a separação entre Estado e a Igreja/religião; guerra e Deus. Isto não quer dizer que haverá com isso a redução da religião Devemos pensar por dois extremos: de um lado a política e a religião, de outro a separação radical entre política e a religião. Na primeira só a intolerância, seja no campo religioso ou no político, e desembarca em impasses políticos ou militares. Na segunda priva-se a sociedade da contribuição através da sabedoria e forças espirituais das tradições e grupos religiosos na luta para construir a paz e uma sociedade mais justa e humana.
Uma terceira postura poderia ser a de desenvolver uma relação entre a religião e a política em nível de valor, ético-humanos que regem toda a sociedade e, com isso, também no campo político. Nela, a política deveria respeitar as dinâmicas, lógicas e racionalidades próprias do campo religioso, em contra partida a religião deveria respeitar a autonomia do campo político no que tange seu aspecto operacional, que tem as dinâmicas, lógicas e racionalidades próprias. Bom....com isso, os argumentos políticos não seriam usados ou aceitos para discutir nenhuma das questões específicas do campo religioso, como os argumentos religiosos não seriam usados para debater problemas operacionais relativos aos conflitos militares, negociações de paz ou políticas sócio-econômicas. Bom tudo isso foi só uma mera suposição ao que poderia vir a ser o inicio de uma paz.
Nisso tudo que discutimos, fica claro que tanto o campo religioso quanto o político deveriam estudar e reconhecer os seus limites e sua relatividade em relação ao todo e a vida social. Isto não é e nem será fácil para nenhum dos lados. Devemos entender também que em um debate ou diálogo, acabamos pendendo ao uso da racionalidade de nosso campo/lado, e isso como se fosse “a” racionalidade que deve prevalecer sem sombras de dúvidas. E nisso, nesta bola de neve, não nos abrimos a compreender o sentido do discurso, argumentação ou prática do outro lado, equívocos são cometidos por isso, equívocos estes que podem iniciar uma guerra santa a cada um segundo no mundo, dentro de qualquer casa ou em qualquer estabelecimento comum.
E ai, que Deus ganhará em um mundo onde os Deuses são chefes de estados e lideres religiosos?
4 comentários:
É complicado... Essa relação entre religião e política sempre deu problemas desde os tempos mais intigos. Acho que essas pessoas confundem a fé com força e imposição... Não sabem o real sentido de se cultivar sua fé de verdade... Nesses casos, como os países em conflito no Oriente Médio, a religião só atrapalha.
Seu blog é muito bom!
De verdade, diferente de muitos que tem por aí.
Faz agente parar e pensar um pouco!
Abraços
Jader
Política e religião são um dos assuntos que não se discute. E aí vem um povo querendo misturar os dois para ver quem tem mais poder. Isso nunca pode dar certo!
eu acho que é como todo mundo diz, a guerra tem propósitos que bem mesmo quem esta dentro dela compreende...
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