terça-feira, 4 de novembro de 2008

O Egoísmo da Tristeza


Tristeza é um sentimento comum.
Todos nós temos momentos de tristeza, por um falecimento, por um término de relacionamento, por qualquer coisa errada que tenha ocorrido. Ficamos tristes com as perdas, até mesmo as materiais. Uns mais, outros menos.
É um momento ruim, mas devemos vivê-lo, entende-lo, aprender com ele e supera-lo. Para isso passamos por esses momentos, para evoluir.
E é difícil para qualquer um entender que até os sofrimentos tem sua razão de existir. Que escolhemos justamente passar por isso para crescer, como disse a Gisela no texto abaixo. É sempre nos momentos ruins que paramos para repensar nossa vida. Alguém já parou para pensar na vida quando tudo vai bem? Acho que não. E mesmo assim, não entendemos o motivo do sofrimento. E a tristeza é um deles.
Como já foi dito pelo Felipe, quando se esta triste, você muda, seu rosto denuncia a dor, e isso é reconhecido pela humanidade. Todos passam por momentos assim.
Acontece que quando ficamos tristes, todos ao nosso redor tornam-se automaticamente mais “solidários”, dão atenção, se preocupam, ajudam.
E vamos falar a verdade: é legal ser o centro das atenções.
Tudo bem ter o apoio de amigos e familiares, ajuda se sentir querido, mas não é a solução.
Apoio e atenção não são as soluções para superar a tristeza, e o que acontece é que o sentimento se camufla e continua lá. O carinho recebido esconde o sentimento de tristeza, e nós não descobrimos a fonte, e isso já foi comentado.
Mas, e quando a pessoa passa a gostar de todo esse carinho e atenção? E quando fica dependente desse apoio? E quando vicia em ser o centro das atenções? Afinal de contas, mesmo tendo pena da sua situação, todos estão preocupados com você, que esta triste e nem ao menos sabe o motivo.
Esse tipo de pessoa, que vive mais a carência do que a tristeza em si, passa a alimentar constantemente a fonte da sua tristeza, toda sua angústia, para continuar sendo paparicado.
E, a tristeza abre espaço para o egocentrismo e para o egoísmo, onde apenas ele, e somente seus problemas, devem ser motivos de pena, preocupação e atenção daqueles que o rodeiam.

Quem nunca teve aquele amigo que se faz de coitadinho? É isto.
Se colocar numa situação que mesmo sendo ruim por um lado, te dá alguma coisa em troca, neste caso, atenção.
E torna-se totalmente egoísta quando, não recebe nenhuma atenção de ninguém, e alimenta o sentimento como único companheiro, já que ninguém se importa, focando única e exclusivamente no sentimento, na dor, e não na causa para superá-lo. Vive o sentimento de forma inversa, sem tirar lição nenhuma dele, apenas se fechando na dor, onde tudo o que passa a importar é ele e o que ele sente. È como se, ao entender realmente a tristeza e deixa-la como uma lição, ficaria completamente sozinho.
Ter tristeza é natural do ser humano, vive-la constantemente é egoísmo, é querer chamar a atenção para si, e não se preocupar com as pessoas ao redor.

2 comentários:

MaFê Senger disse...

Isabel,

escolhi sentir a vida a todo momento, alegre ou triste, 'bom' ou 'ruim'.
O que acontece no mundo é impermanente, as nossas impressões a respeito do que percebemos (sentimos, pesamos e nossas ações) são impermanentes.
Agora, descobri o fio que me mantém ligada no que É. E 'pensar na vida quando tudo vai bem' fez diferença para chegar ao fio.

:-*

Isabel Leon disse...

O importante é que se viva realmente plenamente os dois lados de tudo. Mas viver o momento e deixá-lo ir, e não prolongar a situação em busca de suprir carências.
São poucas as pessoas que pensam na vida quando tudo vai bem, por isso o mínimo que se deve fazer é para e pensar quando algo vai mal. E travar a batalha.
Geralmente é na dor que o ser humano tira forças.